Amores Confusos

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uma observadora

Wednesday, August 19, 2009

FETICHE


Cada um tem uma loucura escondida nos recônditos da alma. A loucura dela eram os odores. Adorava o cheiro do seu homem, aquele cheiro inconfundível de testosterona misturado a perfume e suor, cada vez que ele tirava uma blusa e entregava-lhe para lavar primeiro ela cheirava, cheirava e delirava com o odor daquele homem no tecido. E viajava e se tele-transportava para o dia em que se conheceram, para a primeira vez que jantaram juntos, para o primeiro beijo, para a primeira transa.

Qual a finalidade de reviver momentos que poderia repetir? Um medo inconfessável de perdê-lo.

Na sua loucura, cada momento juntos era infindável e, quando acabava, poderia continuar sentindo-o. Montou em seu guarda roupa um museu dedicado a ele, uma rosa amarela seca, resquício do primeiro bouquet de flores que ganhou dele, o primeiro CD ´presente dele para ela e o qual ela escutava nas suas noites solitárias; um minúsculo vidro de perfume Dior o qual ela nunca usava e somente abria para sentir o aroma, assim trazia-o para perto; um porta retratos presente dele para quando tivessem a primeira foto juntos, duas cuecas perfeitamente guardadas, usadas por ele e nunca lavadas, assim teria o odor do sexo dele. Fios de pêlos pubianos guardados em um envelope de cetim vermelho onde podia sentir novamente o odor de sua púbis.

Seria loucura amá-lo tanto para guardar pequenas recordações da vida que possuíam? Seria loucura dormir cheirando a blusa pólo vinho dele, suada e nunca lavada para mantê-lo vivo a seu lado na cama?

Que dizer então das noites em que dormiu vestida com a cueca dele para sentir o sexo dele próximo ao seu?

Alguns têm fetiches, o dela eram os aromas, cada aroma uma história, uma lembrança, um carinho, um mimo, uma sensação que fazia o corpo vibrar como no momento em que estavam juntos.

Cada aroma uma deliciosa sensação de estar sendo possuída e amada novamente, cada vez que o sentia pelo olfato sentia todos os pelos de seu corpo eriçarem-se como de uma gata.

Dormiam juntos duas a três vezes por semana e, quando ele não estava restava os cds tocando com músicas românticas que ele gravou para ela, restava a blusa pólo vinho ocupando o lado direito da cama como se ele estivesse ali e, a cueca que ela dele que ela vestia, daí em diante seria somente masturbação mental e olfativa de sua fértil imaginação para fazê-lo presente.

Assim são os que amam.

Por Izd Sun Ril